Além de reunir peças de roupa para aquecer os gaúchos em condições de vulnerabilidade social, a Campanha do Agasalho deste ano despertou atenção por um fato curioso: irá arrecadar roupas, cobertores e utensílios para protetores independentes e ONGs que cuidam de cães e gatos.
Um dia após o lançamento oficial, a iniciativa despertou polêmica na internet e comentários nas redes sociais.
Mural ZH: O que você acha de a Campanha do Agasalho recolher doações para animais? Dê sua opinião Iniciativa do gabinete da primeira-dama de Porto Alegre, Regina Becker, e da Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda), a mobilização pretende arrecadar, entre as peças destinadas a humanos e animais, cerca de 100 mil itens. No ano passado, foram arrecadados 83.958 mil itens, entregues a 75 entidades.
Regina explica que há na cidade canis regularizados com animais vivendo em sistema de confinamento, e como eles ficam com pouco espaço para movimento, sofrem com o frio e a umidade. As arrecadações para cães e gatos serão doadas a cerca de 40 pessoas e entidades comprometidas com a Rede de Proteção Animal.
Cobertores rasgados ou furados irão para canisCom a inovação, peças em mau estado, antes descartadas, como cobertores rasgados ou furados, poderão ter um destino mais útil.
— Investir em cães e gatos não exclui o cuidado com os seres humanos. A ação só causa surpresa porque antes ninguém fez, e quem critica é aquele que não faz nada por ninguém — argumenta Regina.
Entre os fatores que explicam a forte adesão a campanhas deste tipo está o fato de que os animais, principalmente cachorros e gatos, estão ocupando espaço importante na vida das pessoas.
Segundo Ivaldo Gehlen, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esse lugar ocupado pelos animais, de ser companhia e vínculo afetivo, pode estar relacionado com a diminuição do número de filhos por casal.
— Além disso, antigamente os animais domésticos, cachorros e gatos, tinham uma função ambiental, de espantar animais, fazer o pastoreio e alertar para a aproximação de estranhos. Nas cidades, atualmente, eles são intocáveis, esteticamente cuidados. Eles passaram da condição de protetores do lar a protegidos — explica o professor Gehlen.